Prática de Extensão para o Público de Melhor Idade da Comunidade do Instituto Maurício Gehlen

Resumo

Segundo o PROEEC (2023), a essência da prática de extensão está em compartilhar os conhecimentos e recursos produzidos nas universidades para a comunidade, beneficiando diretamente a sociedade. Isso ocorre por meio de projetos criados nas instituições de ensino, que visam atender e resolver problemas existentes na sociedade nas quais a instituição.

A extensão, como parte da formação acadêmica, proporciona ao aluno um maior contato com a comunidade externa à universidade e o conhecimento da realidade que lhe cerca, possibilitando assim um maior conhecimento das demandas sociais, e habilidades indispensáveis para uma futura vida profissional. Além de beneficiar a comunidade local, o estudante envolvido também será impactado positivamente em sua formação como cidadão crítico ativo em sua comunidade. Suas habilidades profissionais e sociais são aperfeiçoadas através do contato entre outros grupos da sociedade, possibilitando a interculturalidade e estimulando a troca de experiências.

De acordo com Bernardo (2022), o avanço das tecnologias tem transformado diversas atividades cotidianas, incluindo aquelas realizadas pelos idosos, que agora precisam desenvolver habilidades digitais para participar plenamente do mundo digital. Entre essas atividades, destacam-se o uso de dispositivos para gerenciamento financeiro, comunicação, agendamentos online e monitoramento da saúde.

No entanto, esses avanços também apresentam desafios, como a vulnerabilidade dos idosos a golpes e fraudes digitais, muitas vezes devido à falta de conhecimento ou excesso de confiança em terceiros.

O projeto busca conscientizar a população idosa sobre práticas de segurança on-line através da extensão universitária, com foco na conscientização e transformação social deste público. Abordando golpes comuns em plataformas digitais, como o Facebook, o WhatsApp e o Instagram.

O escopo deste projeto foi definido durante o início do segundo trimestre do ano letivo de 2024, durante as aulas da disciplina de Práticas de Extensão, no Campus de Paranavaí do IFPR. Nesse período, foram realizados diálogos entre os professores, colegas da turma e com representantes do Instituto, iniciando a fase de planejamento das atividades, com o levantamento dos requisitos para definir as atividades a serem realizadas para as pessoas da melhor idade que convivem dia-a-dia no Instituto Maurício Gehlen.

Ao final dessa fase, foi proposto um curso com as pessoas da melhor idade nos horários em que estão na instituição, com o objetivo de prevenir golpes de forma dinâmica e que possibilitasse a participação de todos, tornando mais leve e acessível. Na sequência, foram preparados os slides para o curso, abordando golpes como o Assistente Fake do INSS, bilhete premiado e clonagem do WhatsApp. Após definir os temas para apresentar, o trabalho avançou para a criação de materiais publicitários para divulgação do projeto.

Como forma de validação, foi realizada uma simulação deste trabalho com a turma, onde todos os grupos puderam apresentar seus trabalhos e discutir dúvidas sobre as oficinas que seriam ministradas. Esse processo permitiu identificar e corrigir erros que não foram identificados durante as fases anteriores de planejamento, com as percepções que surgiram durante as apresentações dos demais grupos, e, ao final, o feedback dos professores do curso.

Ao final de cada dia do curso, foram coletadas as opiniões dos participantes por meio de uma conversa simples e direta. Todos os participantes responderam positivamente e agradeceram pela dedicação ao tema, considerando a relevância e as repercussões nos últimos anos. Embora o público presente nos dois dias de curso não tenha relatado terem sido vítimas de golpes, afirmaram que, com as conversas, aprenderam novas informações, que os ajudariam a identificar possíveis situações de risco e compartilhar o conhecimento adquirido com seus familiares.

Durante as atividades, foi observado que muitos dos participantes antes das conversas não sabiam como identificar uma conta verificada nos aplicativos WhatsApp e no Facebook, ou para o que ele servia. Isso os ajudou a reconhecer possíveis tentativas de golpes, alertando para golpistas que se passam por empresas ou instituições, tendo em vista que, do público analisado, todos utilizam estes aplicativos com frequência.

As supostas ligações de telemarketing e de empresas bancárias foram outro importante ponto de engajamento. Muitos deles não sabiam dos riscos de fornecer seu CPF, RG ou nomes de familiares por telefone, todos mostraram interesse no assunto, em vista que, pessoas conhecidas ou familiares, já passaram por problemas com esse assunto e as consequências foram terríveis. A conversa possibilitou a troca de experiências passadas pelos participantes com as demais pessoas ali presentes, sendo enriquecedor para todos.

Apesar do número reduzido de inscritos, os dados coletados apontam que o projeto teve sucesso no que se propôs. Uma vez tenha sido possível sanar as dúvidas e apresentar de maneira compreensível os diferentes tipos de golpes, incentivando também que as pessoas da melhor idade compartilhem entre si o conhecimento adquirido durante o curso.

Com uma turma bastante reduzida, foi possível responder às dúvidas de maneira mais eficiente, soluções próximas e contextualizadas na realidade dos participantes. Esse formato incluiu projeções práticas, concisas e diretas, facilitando a compreensão e permitindo uma abordagem distinta e personalizada para cada membro.

Como proposta para trabalhos futuros, planeja-se estreitar e fortalecer os laços com o Instituto Maurício Gehlen, por meio do desenvolvimento de novos projetos, cursos e de um aplicativo mobile voltado para atender às necessidades desse público. Essa iniciativa considera os resultados satisfatórios obtidos com o curso realizado.