Projeto Lembranças Digitais

Resumo

A extensão proporciona um conhecimento diferenciado, focado na melhoria da qualidade de vida da sociedade [Rodrigues et al. 2013]. A prática de extensão contribui para a comunidade, levando o aprendizado além dos limites universitários. A extensão universitária, surgida no século XIX na Inglaterra, promove "educação continuada" à população sem acesso às faculdades [Nogueira 2013].

O protagonismo do aluno é um dos principais objetivos da extensão, incentivando uma abordagem pedagógica ativa no processo de ensino-aprendizado [Cofferri et al. 2020]. Conforme [Miotto et al. 2022], "para estar engajado é necessário reconhecer que além dos conhecimentos que preparam o jovem à inserção no mundo do trabalho, deve-se atentar à formação humana integral".

A Resolução CNE/CES nº 7, de 18 de dezembro de 2018 [MEC 2018] estabelece as atividades de extensão como obrigatórias nos cursos de graduação brasileiros. O Instituto Federal do Paraná regulamentou suas atividades de extensão, Resolução nº 11/2018 [IFPR 2018], seguindo as diretrizes do Forproext e Forproex.

Diante dessas circunstâncias, na disciplina de Práticas de Extensão, o Projeto de Lembranças Digitais, uma iniciativa de extensão universitária do Instituto Federal do Paraná (IFPR), visou implementar uma solução tecnológica inovadora em parceria com uma instituição de cuidados geriátricos local. O escopo do projeto abrangeu o desenvolvimento de uma plataforma digital para a preservação e compartilhamento de memórias fotográficas de idosos.

Os objetivos primários consistiam em: (1) mitigar o isolamento social dos residentes idosos; (2) fortalecer vínculos familiares através da tecnologia; e (3) promover a inclusão digital da população idosa.

O projeto "Lembranças Digitais" foi desenvolvido em parceria com o Instituto Maurício Gehlen, visando atender às necessidades específicas da população idosa quanto ao armazenamento e acesso de memórias fotográficas. A proposta consistia em capacitar os participantes no processo de digitalização de fotografias físicas e sua organização em álbuns digitais, utilizando ferramentas como o Google Fotos para armazenamento e o CamScanner para o processo de digitalização.

A seleção das tecnologias e métodos considerou aspectos fundamentais do público-alvo, como a familiaridade dos idosos com dispositivos móveis e sua necessidade de manter conexões afetivas através de recordações. O Google Fotos foi escolhido como plataforma principal devido à sua interface intuitiva, recursos de organização automática e capacidade de compartilhamento, permitindo que os participantes acessem e compartilhem suas memórias de maneira prática.

O desenvolvimento metodológico iniciou-se com uma entrevista presencial no IFPR. Durante este único encontro, foram abordados aspectos fundamentais do instituto, sua missão e o trabalho desenvolvido com a comunidade idosa, permitindo uma melhor compreensão do contexto do projeto.

A fase de planejamento incluiu a elaboração de materiais didáticos e estratégias de comunicação específicas para o projeto. As equipes desenvolveram questionários estruturados e participaram de sessões individuais para esclarecimento de dúvidas técnicas e pedagógicas. Paralelamente, foram produzidos materiais de apoio como tutoriais em vídeo e banners informativos, além da definição de metodologias de ensino que privilegiam a interatividade e o aprendizado prático e a realização de oficinas presenciais no Instituto Maurício Gehlen.

O Projeto Lembranças Digitais demonstrou ser um exemplo significativo da aplicação prática da extensão universitária, onde conhecimentos teóricos são transpostos para soluções tecnológicas reais. Apesar da expectativa de 15 idosos para os dois dias de oficina, apenas 4 compareceram no Instituto no primeiro dia, e a resistência para participar da aula de retorno evidenciou um descompasso entre as expectativas dos organizadores e os interesses dos participantes, que, segundo as representantes, preferiam um formato diferente.

Um dos desafios iniciais foi a adaptação das tecnologias modernas, como o Google Fotos, exigiu a criação de tutoriais simplificados e a personalização do conteúdo educativo. Além disso, os momentos de interação com as representantes do Instituto Maurício Gehlen revelaram a importância de uma abordagem pedagógica voltada para o engajamento dos idosos, promovendo não apenas o uso da tecnologia, mas também fortalecendo as conexões emocionais com suas memórias e com seus familiares.

No decorrer do desenvolvimento, foi possível perceber a importância de promover oficinas interativas e adaptadas às necessidades dos idosos. Embora o curso planejado originalmente incluísse a digitalização de fotos de álbuns físicos para fortalecer o vínculo entre fotos impressas e digitais, muitos participantes não possuíam esse material. Então foi ensinado apenas como se escaneiam fotos e documentos, utilizando a ferramenta Google Fotos para organizar em álbuns fotos de família e até documentos, proporcionando uma experiência útil e acessível para essa faixa etária. Como havia um número pequeno de participantes, foi possível que cada participante do projeto fizesse um atendimento individual.

Embora o número de participantes tenha sido menor do que o esperado, os resultados mostraram que, com uma abordagem adequada, é possível promover o uso da tecnologia. Dessa forma, o Projeto Lembranças Digitais alcançou um impacto positivo significativo ao oferecer uma experiência inclusiva e emocionalmente rica para os poucos idosos do Instituto Maurício Gehlen. O projeto permitiu que os idosos revisitassem e compartilhassem suas experiências de vida, criando um legado digital duradouro. Além de contribuir para o desenvolvimento das competências técnicas, sociais e acadêmicas dos desenvolvedores do projeto.

Através do projeto, ficou evidente o papel essencial da extensão universitária no desenvolvimento de soluções que melhoram a qualidade de vida da comunidade, ao mesmo tempo que oferecem aos alunos uma oportunidade única de aplicar seus conhecimentos acadêmicos em situações reais, fortalecendo sua formação integral. A experiência permitiu reflexões importantes sobre a inclusão digital da melhor idade e a necessidade contínua de projetos que humanizem e promovam o bem-estar social através da tecnologia.

Mesmo que o projeto tenha alcançado a transformação desejada, o número de pessoas atingidas não foi conforme o esperado. Assim, para melhorar esse projeto, seria interessante se a propaganda do projeto fosse realmente feita da forma que deveria ser, aprofundar mais no Google Fotos, na questão da memória do aplicativo e além de focar em fotos de famílias, também ajudar na organização de documentos digitalizados. Além de adaptar a metodologia para atender às diferentes necessidades e ritmos de aprendizado dos participantes, também levar em conta o feedback dos idosos que preferiam apenas uma aula ao invés de duas.