Relato de experiência no desenvolvimento do Projeto Organize Agenda

Resumo

Pequenos prestadores de serviço precisam lidar diariamente com o agendamento de consultas e a organização de horários. Muitos utilizam softwares proprietários de gestão, mas que costumam ser caros, complexos ou com funcionalidades que não atendem totalmente à rotina prática do profissional. Diante disso, existe a demanda por uma solução mais simples e direta, focada no agendamento eficiente, notificações automáticas, organização de horários e facilidade de uso. Para os microempreendedores, isso representa menos tempo gasto com tarefas administrativas e mais foco no atendimento ao cliente.

Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo relatar o processo de desenvolvimento parcial do projeto Organize Agenda, um protótipo de sistema de software realizado por alunos do 3º ano de Engenharia de Software do IFPR - Campus de Paranavaí, nas matérias de “Construção de Software” e “Projeto Integrador II”. Com o auxílio e orientação dos professores de ambas as matérias, os alunos têm uma experiência de como funciona o mercado de trabalho e o desenvolvimento de softwares no âmbito profissional, estimulando-os a encarar os desafios, problemas e vivências enfrentadas na área de Desenvolvimento de Software.

O projeto Organize Agenda surgiu da necessidade de desenvolver um sistema dentro das disciplinas e, após consenso dos membros da equipe, foi escolhido um software voltado para a organização de agendas. Esse escopo foi definido visto que muitos prestadores de serviço realizam agendamentos de forma manual, por meio de anotações em agendas físicas, o que pode gerar problemas como ausência de backup dos registros e acúmulo de papéis. Por isso, observou-se a possibilidade de automatizar esses processos com um sistema.

Como framework de desenvolvimento foi escolhido o Scrum [Schwaber e Sutherland 2020], organizado em Sprints (períodos de tempo em que parte do escopo é realizado, com data inicial e final, tanto para a organização quanto para o desenvolvimento) com o apoio do quadro Kanban para acompanhamento visual do processo. As funcionalidades foram organizadas em “histórias de usuário”, descrevendo determinadas funções do sistema, para cada desenvolvedor escolher quais seriam as atividades realizadas nas Sprints.

A equipe de desenvolvimento foi composta por seis alunos, sendo quatro desenvolvedores (dois no front-end e dois no back-end), um Product Owner (PO) (responsável por conversar frequentemente com o cliente, entender suas necessidades e definir para a equipe de desenvolvimento as prioridades a serem analisadas) e um Scrum Master (responsável pela comunicação entre a equipe, monitorando a Sprint e seu andamento, além de ajudar a superar desafios e problemas que pudessem surgir durante a realização das atividades). Cada papel é de extrema importância para o projeto, sendo necessária essa divisão de tarefas para garantir dinamismo e continuidade [Terenciani e de Oliveira 2024].

As tecnologias utilizadas para o desenvolvimento foram HTML, CSS e JavaScript para a criação da página institucional, um site simples e estático, apenas para apresentar a ideia inicial do sistema proposto. Para o front-end também foi utilizado HTML, CSS e JavaScript, porém com os frameworks React e Node.js. No back-end foram utilizados C#, .NET e Entity Framework para possibilitar a conexão com o banco de dados e a persistência de dados de forma local e online. Além disso, para o versionamento do código foi utilizado o Git com GitHub, registrando o processo de evolução do sistema.

Antes do início das Sprints, foi orientada pelos professores a criação de uma página institucional para a equipe do projeto. Essa página foi importante para estimativas futuras de desenvolvimento e para os professores avaliarem a ideia do projeto. Referente à execução do projeto, primeiramente foi feita uma análise com o cliente sobre como seria o sistema, tanto de forma resumida quanto detalhada, para compreender o que deveria ser realizado inicialmente e o que poderia ser desenvolvido ao longo do ano. Foram analisados os requisitos funcionais e não funcionais do projeto, organizados de modo a priorizar o que era mais importante, seguindo uma ordem lógica do que deveria ser feito primeiro, levando em consideração que não se sabia quantas Sprints haveria ao longo do ano nem sua duração. Ao final de cada Sprint, na Sprint Review, foi relatada ao cliente a evolução do projeto e verificado se haveria necessidade de modificações.

A primeira Sprint, a mais longa em termos de duração, foi a mais importante, pois nela o projeto ganhou forma de fato. Seguindo o protótipo, foram implementadas as primeiras telas do sistema: uma tela de cadastro de usuário, uma de autenticação e a área de agendamento das consultas, com campos para inserir a data e a descrição do agendamento. Apesar do tempo disponibilizado, a equipe teve dificuldades no gerenciamento e não conseguiu finalizá-la a tempo da Sprint Review.

A segunda Sprint, mais curta, teve sua complexidade aumentada, trazendo como funcionalidade obrigatória a persistência de dados, mesmo que em armazenamento local. Porém, devido ao prazo reduzido, às maiores exigências e à desorganização da equipe, não foi possível a entrega dentro do prazo, ocasionando atraso e acúmulo de tarefas para a terceira Sprint.

Na terceira Sprint houve um problema na equipe ocasionado pela ausência do PO durante um período de tempo. Assim, houve uma mudança de papéis e ele passou a atuar como desenvolvedor, enquanto os professores assumiram o papel de clientes para a finalização do projeto. Após a primeira reunião com os novos clientes, foi identificada a necessidade de mudanças: antes o sistema era focado somente no cadastro de consultas, mas foi sugerido incluir o cadastro de clientes, serviços e um dashboard, de modo a tornar o sistema mais completo. Apesar das adversidades, a equipe conseguiu finalizar dentro do prazo a maioria das atividades previstas, incluindo também as atrasadas da segunda Sprint.

Os principais desafios encontrados pela equipe foram o gerenciamento do tempo entre os diversos projetos, atividades de outras matérias e trabalho. Na maior parte das vezes, os membros contavam somente com o tempo disponibilizado em aula para a execução das atividades, mas esse tempo foi pouco aproveitado, seja por cansaço ou falta de motivação, ocasionando atrasos na execução do projeto.

Apesar disso, até o presente momento, boa parte do que foi planejado no início e após a troca de clientes foi entregue, embora ainda sejam necessárias algumas melhorias e novas funcionalidades. O sistema está parcialmente funcional, com todos os cadastros principais já implementados e em processo de finalização.

Diante disso, a proposta e execução desse projeto nas duas matérias são de suma importância para os alunos, mesmo que alguns já trabalhem na área e tenham experiência prévia. No âmbito da graduação, ainda é essencial ter essa oportunidade de aprimorar competências profissionais. Apesar das dificuldades e problemas enfrentados, eles ajudaram a melhorar habilidades como trabalho em equipe, atenção a prazos e comprometimento com as atividades. Trata-se de uma experiência muito valiosa, que não foi amplamente aproveitada, mas que está sendo trabalhada para melhoria nas duas últimas Sprints, visando a finalização do projeto.

Assim, houve a oportunidade de vivenciar uma parcela da experiência real de desenvolvimento de softwares ao mesmo tempo em que se contribuiu para que pequenos prestadores de serviço automatizassem suas agendas, facilitando o agendamento de suas tarefas de forma gratuita.